São filhos da terra e vivem mui mal,
Com mãos sofredoras, até retalhadas,
Grosseiras, sangrando, por fibras malvadas,
As fibras das folhas, do duro sisal.
Os corpos cobertos por parcos retalhos,
A pele tão rude em corpos, crianças,
Nos braços feridas cobertas com trapos,
Na mente, será? Carregam esperanças?
O sonho da escola? Promessas, mentiras,
Que embalam seus sonhos, em noite fantasma,
No agito da alma, entre crenças conflitas,
Rompe-se às vezes, na crise de asma.
Direitos humanos que enlevam assassinos,
Se prendem na mídia, se vangloriando,
Não vêem os apelos de tantos meninos,
Escondem com farsas, verdade ocultando.
Meninos que acordam aos raios de sol,
Que mal se alimentam e vão trabalhar,
Com carga nas costas, tal qual caracol,
Meninos que dormem à luz do luar.
Na ida e na volta, somente ilusões,
Durante a jornada? Bastante pressão.
Calados ruminam em seus corações,
A ira e o repúdio à voz do patrão.
O físico e a mente são fracos, sofridos,
O corpo cansado lhes vence a razão,
Não têm respaldo pra serem unidos
E assim são curvados, às leis do patrão.
Seus pais semivivos da situação,
Semicorpos vencidos a serem punidos,
Desprezíveis atores da escravidão,
Tiveram a alma e o corpo ungidos.
No abandono das leis e de seus governantes,
Alheios ao mundo, ao amor e aos carinhos,
Seguem os meninos em trilhas errantes,
Meu Deus! Por favor, salve os brasileirinhos.
Condorcet Aranha
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